6.9.06

Plutônica

invernal propósito: ou pretexto, como queiram: transbordando de irrazões passionais, e me podam a inspiração. tão só porque o grande olho se instalou ao lado desta janela para o meu mundo, e seu chiado me esgota qualquer boa vontade, qualquer sensatez civilizada.

o olho despeja pra dentro de minha sala um viés distorcido da paisagem imagética do mundo - o outro que não o meu. a janela me aguarda com seu mar de possibilidades - e lugares-comuns, mas sou eu quem decide por eles (ou não) -, com um infindar de melhores motivos para extravasar o coração sincopado, afogado até aqui dos açúcares de uma flor estranha que cresce nas encostas do grande Atlas. o que quer dizer o mesmo que: nada. mas isso você já sabia...

e eu mencionei o "invernal propósito" buscando entender o que me leva ao despedalar de inocuidades, sempre que o clima se revolve nas estratosferas, e as paredes parecem encerrar um ar viciado e inoperante, ensurdecem aos rumores da grande teia e tudo fica pequeno e perigosamente gentil...

nada mais urgente que um muro diante da consciência. ou seria o contrário?

"boa noite... e boa sorte"
p.s.: na certeza da aurora que nos refunda o espírito.



foto por Any Manetta, via Flickr:Public Domain

2 comentários:

Anônimo disse...

O olho do outro é insone. E o seu?

martin montenegro disse...

o olho do MAL é insone.

o meu dorme o sono dos injustos, à espera da canção que faça acordar - pra sempre! - os homens... mas não às crianças.

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