14.5.06

Cap. 5º - Que diz ainda estarmos no caminho certo

há um repente que dói, mais que o espaldar das cadeiras. é a música sangrenta, odiosa e vil, e provoca rebentos em meus olhos aguadecidos. a música não enjoa, transpira a minh'alma derradeira, de gente que me faço agora. queria ser tronco, ser furo - ou não ser: que sentir o peso dos olhos sobre meu cadáver.

é difícil percorrer as ruas assim, sem braços. sem rosto. porque na rua a gente anda de encontrões, se arremessa diante dos transeuntes, dos elefantes de aço que cospem fumaça. na rua, o silêncio é vazio.

lacerantes violinos ainda me atormentam, a prestações. fujo de mim mesmo - para eu em mim: como o rato desinfecto que galga a roda rangente de sua gaiola. orgulhoso.

isso pra não dizer que sinto, de verdade, cada grito ancestral que se encerra em meu sobrenome, cada reticência das ervas que me são servis e caladas cumprem com sua função. ...a obediência também leva ao Paraíso. e elas hão de ter o delas.
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SAO, SP, Brazil
...just someone playing hard.