20.6.06

Cartas Jamais Escritas – Re:

tudo é evidente neste jogo (e o jogo está evidente em tudo): basta atentar para a própria existência para constatar que o ‘nada’ é um relance poético da memória autônoma em você. mas não, não vale à pena lutar contra ela. pois qualquer que seja o resultado, a teoria dos jogos valerá em ter previsto infelizes soluções: um homem sem memória é alguém que apenas nasce, a memória sem o homem é um vago esgar de morte, perene. no mais, experimentamos a suspeitável sensação de construir uma vida, um caminho, uma sequência de experiências mais ou menos bem-sucedidas, com começo determinado, um meio mal explicado, um fim hipotético.mas talvez pensar que “perder é conquistar a certeza de voltar ao ponto zero, ganhar é iludir-se em dar o primeiro passo” nos traga de volta a dimensão do problema. o quanto estamos preparados, quando a hora chega? para tudo, estaremos sempre no ponto zero. e sempre vivos: a memória não é rival, é cúmplice. por saber que o ditado é velho é que não esqueceste a primeira, nem a segunda vez – a memória nunca poderá derrotar-te, e o ponto zero nunca é igual (ou é todas as infinitas possibilidades: o universo em si mesmo)…

a saber: o círculo não é redondo.

abraços,
Megaton Nero.

foto por Any Manetta, via Flickr:Public Domain
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...just someone playing hard.