8.9.09

Brunna.

nem mesmo as horas de um dia se passaram e já sinto tua ausência. ainda trago o cheiro do teu erotismo nas mãos, e a memória de tuas carnes na ponta dos dedos. desenho no ar os convexos onde encaixei minhas palmas, as polpas onde cravei os dentes.

é fato: esse teu olhar mortiço me evoca distrações de reis de outrora, cada vez que te acho me fitando - e mais de uma vez aconteceu, em sua cama improvisada, na casa de vãos ecoantes em que moras.

teu simplesmente me confunde, por vezes - eu, tolo, achando que simplesmentes não podem acontecer à sua juventude - que traz a redundância de suas vontades secretas no nome, e dobra uma letra que não se pronuncia. tal qual ela se dobra feito gata, e me oferece a flor depois do amor da manhã, e me provoca com dengos e deixas, entre sussurros e estalos dos lábios.

e como não dizer: da fúria calculada com que me presenteia, e sorri, feliz por deixar sua marca em mim - como a uma possessividade disfarçada, um somente-dela a quem me surpreenda desvestido (e isso soa como sinal de alerta às posteriores, que desistam desta alvura lunar, pois que aí uma debutante ninfa se alojou e garantiu colheita - e desta não pretende partilhar).

enfim, é tarde para o resto todo - resto que me racionaliza, e amanhã me espera na labuta - então findo este registro aguardando a cheia ou a lua negra: o que antes me traga novos folguedos de cama e aproximações, mais o calor providencial e este teu olhar cúmplice, cereja que me animaliza o espírito, e exorciza em ti minhas iras secretas.

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