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29.3.07

Ainda Resta Uma Esperança Menor

...daquelas que sobram no prato de festa, com alguns docinhos amassados e alguma ressaca, atrás do queijo fresco, na geladeira do dia seguinte.

esperança de que o que sai de nossas mãos não seja definitivamente um caso perdido, de que não sejamos construtores de uma paz armada, de males necessários, de arranjos corrompidos.

valho-me inda e sempre das mesmas incertezas: pois elas me incomodam o sono tranquilo, e me lembram de que há um mundo à espera, um algo de assimétrico e solene, impositivo, algo que perturba o cálculo dos físicos e assombra a convicção dos meteorologistas, dos economistas, dos céticos. não choverá amanhã nas bolsas nem nas calçadas, mas nos corações das mulheres iemenitas, e nenhuma estatística pode dar conta de tão insuspeitos temporais. não pode compreender a longa noite nos semblantes aborígenes, nem a imorredoura nação vermelha americana, que volta ao seio da terra onde brotaram seus ancestrais, carunchados pelo mal dos peles brancas; e o espírito do homem americano tinge a semente e o solo onde se ergue o império branco, e aguarda o tempo em que estes também sucumbam, e novas ondas sacudam seus portais de areia.

resta uma esperança cega, erma; porque quero acreditar mesmo quando tudo me impele ao largo, à vazante, à foz dos improvisos mal-pensados e fugazes, ao mar de promptérios escarrados e rasteirices alarmistas - e igualmente descartáveis. milhões de quinze-minutos-de-fama boiando próximas da costa ainda poderiam engastar no motor de popa dalgum desavisado, mas é certeiro que entopem os poros dos banhistas mais afoitos. até porque qualquer placa sinalizando banho impróprio ali não surtiria efeito algum - ou até talvez, e unicamente, o de galhofa, piada, descalábrio, insensatez.

que seja. mas é dessa insensata esperança de finas bossas melhores vindouras que nutro o meu coração, além dos docinhos da festa pobre de ontem, do dia nublado de hoje e do amanhã previamente agendado de rotinices.

é dessa esperança que falei aqui, é ela que tilinto no cordão ao pescoço, ela que torço nos dedos, e peço feitura ao destino todo poderoso.



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