enquanto os passarinhos passeiam no gramado sob o olhar severo e indócil dos gatos que adormecem com um só olho, e as mariposas emudecem nas vidraças coloridas de meu átrio interior, e estilhaços repartem fígados aos desvalidos de toda espécie;
e o Astro-Rei funde bombas ignominiosas - e estas esperam as pernas sãs por meio das quais se libertem da areia e do anonimato e da integridade volátil que lhes resume o existir - e chineses respiram o carvão dos filhos bastardos de Adão e mujahedins passeiam nas amuradas sagradas sem desmerecer seu cubo negro e o fogo de Alá;
enquanto redescubro que meu redor está colado aos meus olhos, e meus olhos estão fixos sobre as palavras inexatas e espúrias de um jornal velho que desconhece os Céus, e reboares de estrelas ainda aviltam a paz dos cantos escuros, e cantos e contratempos se dispersam pelo Cosmo na voz doce e suave de um comercial de rádio do tempo de meu avô;
eu me desfaço de outro cobertor, numa quente madrugda de um hipotético inverno tropical, me viro, reviro e continuo a sonhar com mandacarus que nunca verei, e outros despropósitos pueris.
FICÇÃO, s. f. Simulação para encobrir a verdade, fingimento: a torpe ficção de patriotismo, com que se investiu para indultar-se de matador de Titãs, de Cronos e quimeras (rapinagem de Camiliana.) Perturbou-se e estremeceu diante de ficções a que nem a poesia ou a arte davam realce e prestígio (Silveira da Mota, 1889) // Fábula, invenção fabulosa ou artificiosa// F. lat. Fictio. CLEPTOCRONIA: tempo que escoa, que nos assalta, que não perdoa
Nenhum comentário:
Postar um comentário